desenhos / pinturas
"Resistindo", é uma serie de trabalhos que mistura variadas técnicas, sendo a serigrafia alternativa a mais destacada. Pick incorpora o uso da serigráfica, após um seminário de Pós-graduação na UNA (Univercidad Nacional Del Arte), em Buenos Aires, e começa a compor inúmeras imagens que exaltam microorganismos, extremamente resistentes, a todas intempéries: os tardigrades. Contrapõe imagens de abelhas e outros insetos que estão massivamente sendo eliminados pelo uso indiscriminado dos agrotóxicos, fato que se agravó nos ultimos anos no Brasil. E pergunta-se: até quando a Terra resiste?
O conceito de resistência começou a aparecer logo que os tardígrados entraram nas composições da Pick. Eles se multiplicaram com o uso da serigrafia. Estampando telas papéis, dividem espaços e composições com as tintas e as linhas, também foram para os muros, as camisetas, a cerâmica, tradicional ou expandida.
Vibra no circular o eterno retorno. O círculo usado como pradrão de repetição, em varias composições desta série, "Natureza Circular" estão presentes em muitos trabalhos da Pick. São um misto de influências, desde imagens de células embrionárias, até o intuitivo ou inconsciente sentido do infinito que o circulo denota.
A flora, a natureza ao seu redor, são sem dúvida o que mais aparece nos trabalhos da Pick. Ela conta que cresceu subindo em árvores e balançando-se em cipós, em comunhão com seu entorno, simples e bucólico. Frequentes e inesperadas mudanças de habitat, que a vida e a morte ( passagens precoses de muitos entes queridos, pais, irmão, e esposo) levaram-na a fazer, são características perceptíveis nas linhas sempre orgânicas empregadas em suas composições.
O sudeste asiático, o norte da Índia, pitorescas pinceladas de diferentes partes da Europa, do litoral catarinense, entre outras, são algumas das paisagens que entranharam as lentes pelas quais Pick tranfere, para suas telas, em linhas e manchas de tintas, que denotam tais topografias. Quando viaja, registra as impressões vistas, das diferentes culturas, através de desenhos rápidos. Alguns se transformaram posteriormente em obras mais expressivas, que plasmam, com os mesmos traços soltos, parcelas de cenas experienciadas.
Um emaranhado de linhas que insinuam figuras e formas celulares, entrando, saindo, dançando. Tristes, felizes, quase sempre é desespero. Entre os anos 2007 e 2010, Isabel Bogoni Pick, centrou suas investigações na observação de imagens microscópicas de diferentes tipos de células, a maioria ligadas à manipulação genética, e à biotecnologia. Iniciando uma variedade de experimentações. A princípio seu interesse se baseou nas imagnes de seus proprios embrioões, já que passou pela experiencia da fertilização em vitro. Seu interesse, cresce ainda mais quando percebeu uma interação poética entre ética e estética. Artistas como Eduardo Kac, levam essa bandeira, com obras como “Alba o coelho fluorescente”. Seu trabalho foi sendo regado pelos atravessamentos da vida pessoal e das indagações, quase sempre sem resposta, entre legalidade e moralidae da manipulção genética. O emaranhado caótico de linhas que giran e se multiplicam, com o recorrente padrão do circulo, é uma gestualidade que transfere a inquietação e a desordem que contrapõem o conceito objetivo da biociencia, que busca controlar e manipular a vida.
Um emaranhado de linhas que insinuam figuras e formas celulares, entrando, saindo, dançando. Tristes, felizes, quase sempre é desespero. Entre os anos 2007 e 2010, Isabel Bogoni centrou suas investigações na observação de imagens microscópicas de diferentes tipos de células, a maioria ligadas à manipulação genética, e à biotecnologia. Iniciando uma variedade de experimentações, a princípio buscando pontos de contato com a arte contemporânea, seu interesse cresceu ainda mais quando percebeu uma interação poética entre ética e estética. Artistas como Eduardo Kac, levam essa bandeira, com obras como “Alba o coelho fluorescente”. Na ficção, autores como Aldous Huxley em seu livro “Admirável mundo novo”, são vistos como presságios daquilo que não se pode permitir na prática artificial da gênesis humana. Nesse período, o foco da artista estava em entender as formas positivas e negativas da manipulação genética, as mudanças radicais que vinham acontecendo desde os anos 70 na prática científica, e como todas as formas de vida seriam atravessadas por novas tecnologias. O iminente perigo de tentar chegar a uma “raça melhorada geneticamente” até as ameaças da inteligência artificial são inquietudes que, lançadas ao trabalho da artista, fazem refletir através das linhas os meandros da ética da manipulação genética contemporânea. Linhas que pensam e exploram uma imagem abstrata e se insinuam com a figuração, que deixa ver um trânsito enredado de formas.
Trabalhos anteriores já estavam embasados nas referências das imagens celulares vistas em microscópios, são dezenas de composições abstratas e figurativas que surgiram dessas reflexões.